Carô Queiroz – Psicologia e Carreira

Redesenhando seu trabalho para ajustá-lo às suas motivações, competências e valores

O Job Crafting pode ser uma ótima estratégia para melhorar a sua relação com o trabalho e, consequentemente, desenvolver maior saúde mental, bem-estar no dia a dia, engajamento e satisfação com o que faz.

Quando analisamos de forma honesta os fatores que interferem na qualidade da nossa relação com o trabalho e na nossa percepção de satisfação com a carreira, fica evidente que não há um único responsável por esse cenário. O conjunto de ações e vivências individuais do profissional, iniciativas impulsionadas pela organização e o modelo e estrutura social em que vivemos interferem nos sentidos e significados que atribuímos ao nosso trabalho.

De tempos em tempos gosto de relembrar isso nos meus conteúdos porque, embora o meu foco de trabalho seja apoiar os profissionais em suas escolhas de vida e carreira, existe esse contexto que impacta e que jamais pode ser ignorado.

Pois bem, feita essa introdução quero trazer hoje um conceito muito relevante que qualquer profissional pode aplicar para melhorar a sua relação com o trabalho e, consequentemente, desenvolver maior saúde mental, bem-estar no dia a dia, engajamento e satisfação com o que faz. Estou falando do job crafting.

Job Crafting

Em português, o termo se refere a um redesenho e personalização do trabalho. O job crafting é entendido como as mudanças proativas conduzidas pelo indivíduo para modificar seu trabalho de forma a ajustá-lo às suas motivações, competências e valores.

O termo surgiu em 2001, a partir de um estudo das pesquisadoras Jane Dutton (Universidade de Michigan) e Amy Wrzesniewski (Yale School of Management). Investigando uma equipe de limpeza em um hospital dos Estados Unidos, eles buscavam entender as diferentes combinações sobre o trabalho de profissionais que ocupam uma mesma posição.

Entrevistados, uma parte do grupo define o seu trabalho a partir da descrição formal da carga e do significado de sustento. Já outro grupo, descreveu seu trabalho com um propósito maior e engajador, pois viam seu trabalho como realmente importante no tratamento dos pacientes.

As pesquisadoras denominaram como job crafting o que o segundo grupo fazia, atribuindo o nome às ações informais que os trabalhadores fazem para mudar a concepção formal de suas cargas. Com isso, tornavam-se mais engajados e realizados do que o primeiro grupo da pesquisa.

“Não é parte do meu trabalho, mas é parte de mim”.

Essa postura ajuda no desenvolvimento da flexibilidade cognitiva, que frequentemente comento nas minhas redes sociais. Além disso, o job crafting é uma forma de a pessoa aumentar os seus recursos no trabalho, ou seja, aqueles aspectos que criaram para o bem-estar e satisfizeram o profissional. Porque está relacionado a aspectos que nos energizam no trabalho.

O redesenho do trabalho é, portanto, o ato do trabalhador pensar em novas alternativas de realizar suas atividades e começar a experimentá-las.

Nesse TED, a autora Amy Wrzesniewski fala sobre essa pesquisa que comentei. E há vários artigos interessantes de sua autoria disponíveis gratuitamente na internet, inclusive alguns em parceria com o Adam Grant, autor de livros famosos como “Pense de Novo” e “Originais”.

Tipos de job crafting

Profissionais mais proativos tendem a modificar seu trabalho por meio de três tipos de estratégias, que incluem:

– Crafting de task: são as mudanças materiais no conjunto de tarefas que a pessoa considera ser seu trabalho (número, escopo e tipo de tarefa), de forma que se adequem melhor às habilidades e inspiradas. Envolva mudar as atividades atuais, deixar de fazer algumas e/ou assumir voluntariamente novas tarefas ou projetos que lhe desejam iniciar.

– Crafting relacional: são as mudanças na quantidade e na qualidade das confortáveis ​​no trabalho (com colegas, superiores, clientes, fornecedores).

– Crafting cognitivo: associado ao sentido que o profissional atribui ao seu trabalho, o seu propósito, percebendo o seu trabalho como parte significativa de um todo.

O job crafting se aplica a qualquer tipo de trabalho, especialmente o crafting cognitivo. O crafting da tarefa ou o relacional são mais fáceis de ocorrer em trabalhos autônomos, mas ainda assim é possível em diferentes emoções nos trabalhos CLT.

Em virtude de sua natureza, as organizações não podem exigir o job crafting , pois precisa partir do próprio indivíduo. No entanto, as organizações podem (e devemos, convenhamos!) promover ambientes de trabalho que favoreçam a autonomia, deixando claras as estratégias e objetivos, para que os profissionais possam decidir a melhor forma de atendê-los de acordo com sua própria perspectiva.

Para você refletir:

O que torna seu trabalho mais significativo no local em que você trabalha hoje?

Como você pode promover mais disso para transformar o significado do trabalho que você faz e colocar mais da sua identidade nele?

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