A leitura e a escrita não são só sobre a expressão de ideias, mas sobre o desenvolvimento de competências sociais. Nesse caso, desenvolve a comunicação em primeiro lugar, mas também amplia a visão das coisas, a capacidade de se colocar no lugar do outro, o autoconhecimento, a criatividade para solução de problemas, o pensamento complexo e crítico.
As competências como pensamento complexo, empatia, comunicação e resolução de problemas estão sendo cada vez mais requisitadas e serão o nosso grande diferencial frente às tecnologias que estão sendo desenvolvidas e às mudanças nas relações que elas provocam, sejam as relações interpessoais ou a forma como nos relacionamos com o trabalho.
Então, como desenvolvê-las ou aprimorá-las na nossa jornada de vida e carreira?
É um exercício que precisa de regularidade para evolução. É praticando. Assim como a musculação da academia. Não espere que um livro, um curso, uma imersão de final de semana ou “5 passos para resolver de forma definitiva” serão a solução. Mas é buscando pontos de partida e ir colocando em prática esses conhecimentos, se experimentando, testando e aperfeiçoando a forma de fazer para cada contexto ao longo do caminho, de forma consciente sobre a sua evolução.
Entre as diferentes formas e níveis de profundidade para se desenvolver nesse sentido, que incluem psicoterapia e mentorias, quero trazer hoje uma menos óbvia e bastante útil: a literatura!
“Nós não somos movidos pelas ideias, nós somos movidos pelos sentimentos.” (Rubem Alves)
Ler literatura de alto valor artístico aumenta consideravelmente a capacidade de empatia do leitor quando comparado a obras de não ficção ou literatura popular (biografias, entretenimento, obras com pouca profundidade do ponto de vista técnico da escrita criativa) ou, ainda, comparado a não leitura de qualquer livro. Uma das importantes pesquisas que mostram isso foi publicada em 2013 na Science, e é o artigo “Ler ficção literária melhora a teoria da mente”.
Nesse estudo, chama-se teoria da mente a capacidade de compreender que outras pessoas possuem crenças e desejos e que estes podem diferir de suas próprias crenças e desejos. E o que se chama de literatura de alto valor artístico se refere a obras de ficção, com caráter subjetivo e de expressão de emoções e ideias, e com atenção aos preceitos da estética e forma literária.
A literatura alcança os nossos sentidos. E sem nos comunicarmos com os sentimentos, nós não temos comunicação eficaz, seja ela verbal ou escrita.
Isso se traduz no dia a dia de trabalho naquela apresentação em que você precisa vender uma ideia ou novo projeto para a sua liderança, equipe ou cliente, e você precisa construir a sua comunicação de forma mais atraente para quem a está recebendo. Ou quando você precisa enviar um e-mail que seja assertivo. Quem nunca recebeu uma mensagem que você não sabe se a pessoa está perguntando ou afirmando o que está sendo dito?
O seu leitor, no caso do contexto do trabalho, pode ser o seu cliente, o seu gestor ou o diretor que irá dizer sim ou não para o projeto que será um divisor de águas na sua carreira.
A leitura e a escrita não são só sobre a expressão de ideias, mas sobre o desenvolvimento de competências sociais. Nesse caso, desenvolve a comunicação em primeiro lugar, mas também amplia a visão das coisas, a capacidade de se colocar no lugar do outro, o autoconhecimento, a criatividade para solução de problemas, o pensamento complexo e crítico.
Quando mergulhamos em uma história, estamos resolvendo os problemas dos personagens. Porque uma história é, predominantemente, a resolução de um problema humano. E isso envolve capacidade imaginativa.
O fato que precisa ser encarado é que para escrever melhor é necessário ler melhor. E sobre isso, em 2020 eu e o Rodrigo Figueira, mestre em escrita criativa, conversamos em uma live lá no meu Instagram. Foi uma conversa muito rica sobre os impactos da literatura e da escrita criativa como ferramentas no desenvolvimento profissional.
“Você pode não gostar de escrever, mas lembre-se que pode perder oportunidades para alguém que goste.” (Rodrigo Figueira)
Se a ideia dessa frase te incomodou, vale muito assistir ao vídeo. Inclusive pela história do Rodrigo, um profissional graduado em Informática, mas que sempre teve paixão pela literatura e pela escrita. Foram anos até ele conseguir encontrar um caminho em que essas duas áreas convergiam e planejar um novo momento profissional, mais alinhado com os interesses e necessidades dele.
Particularmente, tenho apreço pela leitura desde cedo, embora leia muito menos do que gostaria. Mas hoje utilizo a leitura literária na minha preparação para dormir. É uma forma que me ajuda bastante a “ir desligando” do dia de trabalho para ter uma melhor noite de sono. O meu livro do momento é o clássico “Paris é uma festa”, de Ernest Hemingway, que além de ser uma ótima indicação é um belo exemplo de literatura de alto valor.
2025 | Psicóloga Caroine Queiroz CRP 07/20683 | Atendimento on-line.